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Aupex oportuniza formação superior a detentos do Complexo de Canhanduba

Aupex oportuniza formação superior a detentos do Complexo de Canhanduba
07/08/2018

Nesta terça-feira, 7 de agosto, Aupex/Unigran de Itajaí forma orgulhosamente a primeira turma de detentos que vão se graduar no curso Tecnólogo de Logística. Este projeto de ressocialização, aprendizado e preparação ao mercado de trabalho por meio da qualificação profissional em nível superior chamou a atenção de um nossos pós-graduados, que escreveu seu artigo de TCC com o título Ressocialize-me: o Letramento no Complexo Penitenciário do Vale do Itajaí.
 
O jornalista James Klaus, hoje já nosso egresso em  Educação a Distância: Gestão e Tutoria e também em Docência no Ensino Superior, pela Aupex de Joinville, compartilhou um pouco sobre a observação e o trabalho sobre os 12 detentos do Complexo Penitenciário do Vale de Itajaí - Canhanduba que realizaram o curso tecnólogo durante dois anos, vindo ao Polo de Itajaí uma vez a cada 21 dias, aos domingos de manhã, para realizar a prova final da disciplina escoltado por agentes prisionais. Abaixo o texto do jornalista editado pela Aupex. 
 
O primeiro contato pessoal com o grupo de 12 apenados da Canhanduba foi no dia 3 de setembro de 2017, no Polo da Aupex na cidade de Itajaí, no litoral norte do estado de Santa Catarina. Era uma manhã de um domingo tranquilo no bairro Vila Operária quando as viaturas da equipe do Departamento de Administração Prisional (DEAP) param em frente à instituição educacional e sob forte segurança, os apenados- estudantes descem um a um. As algemas nas mãos e as correntes nos pés, a cabeça raspada e o uniforme amarelo dão ao grupo o discernimento social relativo ao processo ao qual estão subjugados. Mas naquele momento, naquele local, são estudantes do ensino superior e que se preparam para realizar mais uma avaliação do curso de Logística, com duração de dois anos. Se forem aprovados, terão o título de tecnólogos ao final do curso. 
 
O professor Alexandre dos Passos Fagundes é contratado pela Aupex como tutor do grupo de 12 alunos. Ele auxilia na mediação presencial junto ao grupo semanalmente, em um encontro realizado em uma sala carcerária especialmente preparada para as aulas. Não há janelas na sala, apenas aberturas elevadas com grades para permitir uma ventilação mínima. Equipada com sete computadores, o calor aumenta rapidamente quando estes são ligados e com a presença dos apenados. 
 
Para abrir a porta do ambiente, um vigia é comunicado por uma abertura na porta de ferro, para que a porta eletrônica seja acionada. Para sentar, as banquetas plásticas são distribuídas de acordo com o número de presenças. Ali acontecem os encontros presenciais semanais entre professor e alunos e na ocasião, foi realizada a correção da prova aplicada na semana anterior. A última hora do encontro foi reservada para a aplicação do questionário e da entrevista, componentes fundamentais para a pesquisa proposta pelo pós-graduando, orientado pela professora Raquel Elisa Meneghelli da Silva, da Aupex de Joinville. 
 
Na penitenciária existe um benefício para o apenado leitor: A cada livro lido ele responde uma avaliação e faz um resumo da obra. Essa avaliação é interna e composta pelas seguintes questões: 
1- Fale sobre o personagem do livro;
2- O que lhe agradou no livro?
3- O que aprendeu com a leitura?
Se a nota da avaliação e resumo forem superiores a 7,0 (a escala vai de 0 à 10), ele recebe 04 dias de remissão de pena. 
 
O complexo
De acordo com os gestores do Complexo Penitenciário do Vale do Itajaí, também conhecido como complexo da Canhanduba, o local conta com 1085 presos no presídio -mas a capacidade é para 640 vagas-, e na penitenciária estão 989 presos -no regime fechado, sendo que a capacidade é de 820 detentos. Existem no local também a triagem e o regime semi-aberto. Mas nosso foco são os 12 apenados da penitenciária de segurança máxima que, por bom comportamento, foram autorizados a saírem do complexo de segurança máxima periodicamente para frequentar o Polo.
 
O projeto
 
A intenção é a preparação profissional do detento para que, na condição de egresso, esteja preparado para concorrer no mercado de trabalho.  Esta chance de estudar é oportunizada somente aos que oferecerem condições de convívio harmônico com outros apenados. O grupo de estudantes da Canhanduba, foco desta pesquisa, trabalha para pagar seus estudos. 
 
A instituição Aupex aceitou o desafio de oferecer esta oportunidade aos detentos, mesmo tendo que reorganizar a agenda de vários profissionais da educação. O resultado impressiona. Naquela e todas as manhãs de domingo, os detentos receberam um lanche à base de café, refrigerante, sanduíches e quitutes, um oferecimento amoroso da professora Gloris Belli e da Aupex. Segundo ela, não há como receber algo que não se dá: amor e oportunidade do crescimento pessoal.
 
Foto: RBS TV Comunicação/ 2016 

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